terça-feira, 16 de outubro de 2012

A missão de ser Professor

Fui uma criança cativada para a leitura por meu pai, um leitor assíduo. Lembro-me do encantamento desta estreia: livro e leitor na voz forte e carinhosa de meu pai, que contava as primeiras histórias sobre um garimpeiro, livro presenteado pelo meu padrinho de batismo. Livros dão vida ao imaginário. Essa foi a feliz relação que apaixonou uma “ouvidora” de histórias e transformou-me numa ardorosa leitora.
Por isso, a escolha pelo curso de Letras. Eu queria ser professora desde criança quando rabiscava as minhas aulas nas laterais de um velho guardaroupa.

Comecei minha carreira no Colégio Rubens de Arruda Ramos, como professora substituta, ainda no período de faculdade. Ministrei aula no mesmo dia em que me apresentei à diretora do estabelecimento e desde então não mais parei. Trabalhei em outras escolas estaduais e na última delas, Colégio Nossa
Senhora do Rosário, lecionei por mais de quinze anos até minha aposentadoria em 2007.

O grande desafio do professor de língua portuguesa é apresentar essa língua “inculta e bela” de forma vivenciadora, dinâmica e esclarecedora. Também gerar confiança e estímulo que serão usados para  despertar no educando a ânsia pelos desafios da escrita e da leitura. É preciso privilegiar a imaginação
e a criatividade; pois, vivencia-se uma sociedade jovem, muitas vezes, carente de hábitos de esforço e do desejo de pensar e refletir. O jeito é desafiá-los a fazerem uso do pensamento e da imaginação provocando neles o prazer dos textos. 

O ato de ler inicia-se na infância, motivar as crianças parece ser o mais lógico. Fazer com que elas vejam os pais e professores lendo, folhear revistas e livros com elas, colocar à disposição livros coloridos e com gravuras atrativas, ler histórias em voz alta e com entusiasmo. Todas essas alternativas são  possíveis. E quando se trata de atingir o adolescente e entusiasmá-lo, como fazer? Esse desafio é o mais apaixonante. Começa com o exemplo motivador do próprio professor. É preciso nesse momento  persistência a fim de descobrir métodos que seduzam o aluno pelo prazer do conhecimento.
É possível sim, o professor contagiar seus alunos, resgatar a autoestima dele; conquistá-lo é tarefa essencial. Saber ouvi-lo, respeitando suas limitações, sempre apoiando, mostrandolhe que tudo é possível e que técnicas estão aí para ajudá-lo; essas são alavancas para a construção do estudante que se
quer ter.

Quem faz o que gosta, faz bem feito. Esse é um bom argumento a fim de desabrochar o espírito  estudantil para a escrita, por exemplo. Mostrar a ele que é a hora do tentar, do arriscar. Dinamizar as
aulas a partir da própria experiência dele, detectar os pontos de maior interesse. É mais fácil, sem dúvida, elogiar; mas saber mostrar ao aluno os seus erros sem desestimulá-lo é próprio de quem quer ver o outro crescer e igualmente crescer junto. É imprescindível insistir no fato de que algumas condições são fundamentais entre professor e aluno: a descontração e a empatia que vai se criar entre quem ensina e quem aprende. É fundamental deixá-lo ganhar confiança.

Palavra que soa bem aos meus ouvidos: professor, título maior para a profissão que abracei. Isso me encanta. As colocações expostas são baseadas em práticas vivenciadas em sala de aula. Ensinar é permitir que o educando crie a própria voz.


 









Angela Salete Araldi nascida em Lages, em 27 de setembro de 1954. Ensino Fundamental no Colégio Santa Rosa de Lima onde atua hoje como professora de Língua Portuguesa e Literatura. Frequentou o Ensino Médio no Colégio Diocesano. Cursou Letras na Uniplac. Pós-graduação na área de Gestão Educacional. Professora há 30 anos.

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